Zoofilia é Crime: Como a Lei Trata e Como um Advogado Pode Ajudar

Você sabe o que é considerado crime contra animais no Brasil?

O cuidado com os animais deixou de ser apenas uma questão moral ou afetiva. Hoje, é também uma questão jurídica e penal. Cada vez mais, pessoas estão sendo investigadas e processadas por crimes como maus-tratos, abandono, envenenamento, agressões físicas e até práticas como a zoofilia — que ainda gera dúvidas, constrangimento e silêncio.

Neste artigo, explico de forma clara o que a lei diz, o que caracteriza esses crimes, como funciona o processo e qual o papel do advogado criminalista, seja atuando na defesa do acusado ou como assistente da parte prejudicada ou da coletividade.


O que é zoofilia e como a lei trata essa prática

A zoofilia é a prática de manter relações sexuais com animais. Ela é considerada uma forma de abuso e maus-tratos, não importando se houve ou não lesão física visível no animal. Isso porque, juridicamente, animais não consentem — e qualquer ato de natureza sexual contra eles é, portanto, violento por definição.

A Constituição Federal de 1988 consagrou no artigo 225, §1º, inciso VII, o dever do Estado em proteger a fauna e a flora, vedando práticas que submetam os animais à crueldade.

Apesar de não estar descrita em um artigo isolado, a zoofilia está incluída no artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98):

Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos.
Pena: detenção de 3 meses a 1 ano e multa.

§ 1º-A. Quando se tratar de cão ou gato, a pena é de reclusão de 2 a 5 anos, além de multa e proibição da guarda.

§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.  

Ou seja:

  • É crime praticar qualquer tipo de violência contra animais, inclusive a zoofilia.
  • Quando o ato envolve cães ou gatos, a punição é mais severa, podendo resultar em prisão.
  • Se houver morte do animal, a pena ainda é aumentada.

Mas por que alguém comete esse tipo de crime?

A prática de zoofilia, assim como outros maus-tratos, pode surgir em diferentes contextos:

  • Transtornos psíquicos ou parafilias (desvios sexuais);
  • Situações de isolamento ou vulnerabilidade social;
  • Ausência de consciência jurídica sobre a gravidade do ato;
  • Comportamentos repetitivos e silenciosos em comunidades rurais ou fechadas;
  • Conteúdo compartilhado em ambientes virtuais ilegais.

Nem todo autor é um monstro. Nem todo acusado é irrecuperável. Muitos processos revelam pessoas com histórico de traumas, transtornos mentais, ou mesmo carência de informação sobre a criminalidade de suas ações. A atuação do advogado criminal deve estar preparada para acolher, compreender e defender com dignidade — sem relativizar o sofrimento animal, mas sem crucificar sumariamente o humano.

Isso mostra que nem sempre se trata de um ato com dolo direto ou intenção de crueldade. Mas, ainda assim, é crime e pode gerar graves consequências jurídicas.


Quem é o afetado direto nesses crimes?

Embora juridicamente a vítima formal dos crimes ambientais seja a coletividade, já que o bem jurídico tutelado é o meio ambiente, é o animal que sofre os efeitos diretos da conduta.

Ou seja, o animal é o ser atingido materialmente, mas a titularidade jurídica da proteção é difusa e coletiva.

Além disso, há pessoas que também podem ser indiretamente prejudicadas, como:

  • Tutores ou donos do animal atingido;
  • Crianças ou adolescentes que presenciam ou convivem com essas práticas;
  • A comunidade local, que convive com o medo e a indignação;
  • O próprio autor da conduta, quando sofre de algum transtorno e precisa de suporte jurídico e terapêutico.

Como funciona um processo criminal nesses casos

O processo pode começar de diferentes formas:

  • Denúncia anônima à polícia ou ao Ministério Público;
  • Acionamento de ONGs, protetores de animais ou vizinhos;
  • Flagrante por filmagens, fotos ou relatos testemunhais.

Em muitos casos, os animais são resgatados e o acusado responde por crime ambiental, podendo ser preso, multado e proibido de manter a guarda de animais. O processo penal deve seguir todos os princípios constitucionais, garantindo ampla defesa, contraditório e proporcionalidade.


O papel da advocacia criminal: entre defesa e acolhimento

Como advogado criminalista, atuo tanto na defesa quanto como assistente da parte interessada (como ONGs, tutores, vizinhos ou representantes da comunidade). E em ambos os lados, o trabalho exige:

  • Técnica jurídica: análise do caso, provas, laudos veterinários e responsabilidade penal.
  • Humanidade: compreender o contexto social e psicológico do acusado ou da parte prejudicada.
  • Ética: garantir que os direitos fundamentais sejam respeitados, com responsabilidade profissional.

Se você ou alguém próximo foi acusado de maus-tratos a animais (seja por agressão, abandono ou zoofilia), é fundamental ter orientação jurídica desde o início. O mesmo vale se você presenciou algo e deseja acionar a Justiça.


E se o acusado tiver problemas mentais?

A depender do caso, pode ser necessária uma avaliação psiquiátrica ou psicológica, por meio de  incidente de insanidade mental. Isso pode influenciar na forma como a Justiça aplicará a pena, inclusive com medidas terapêuticas, substitutivas ou despenalizadoras, se for o caso.

Além disso, a defesa pode buscar acordos judiciais, tratamento e reabilitação, dentro dos limites legais.


Cuidado com denúncias falsas ou exageradas

Também é comum que pessoas sejam acusadas injustamente por conflitos pessoais, desavenças com vizinhos ou até mal-entendidos. O sistema de Justiça exige provas técnicas, e o advogado criminal atua para garantir que ninguém seja punido de forma precipitada.


Conclusão: um tema sensível que exige lucidez e responsabilidade

A proteção dos animais e do meio ambiente é um avanço civilizatório. Mas cada caso é único, e o papel da advocacia criminal é garantir que a lei seja aplicada com justiça, equilíbrio e conhecimento técnico.

Se você está enfrentando uma acusação, denúncia ou situação envolvendo maus-tratos a animais, procure orientação jurídica especializada. O acompanhamento desde o início pode evitar injustiças, preservar direitos e proteger vidas — humanas e não humanas.



Obs. (Filme Lobos, 2022): Os maus tratos aos animais costumam ser a primeira manifestação de graves perturbações emocionais. Isso pode se agravar com o tempo. 70% dos agressores violentos tem um histórico de abuso de animais. Nesse momento, temos algum vivendo em nossa comunidade que está exibindo todos esses sinais. Isso é algo que deve ser levado muito a sério.


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Neemias Moretti PrudenteAdvogado Criminalista. Mestre e Especialista em Ciências Criminais. Bacharel em Direito e Licenciado em Filosofia. Escritor, Terapeuta e Professor. Bibliófilo e Cinéfilo. Colunista dos blogs: Tertúlia Criminal e Escrever para Não Enlouquecer.

Publicado por Factótum Cultural

Um amante do conhecimento, explorador inquieto e ousado, que compartilha ideias e expande consciências pelo vasto universo.